Quando se aplica a poupança num produto financeiro, prescinde-se de consumo presente de bens ou serviços com o objetivo de se aumentar, em contrapartida, os recursos financeiros e o consumo no futuro.
O principal risco de quem faz uma aplicação financeira é o de não reaver, total ou parcialmente, o dinheiro investido. Um outro risco é o de não obter uma remuneração adequada durante o período em que prescindiu de utilizar o dinheiro aplicado.
A aplicação da poupança num produto financeiro tem sempre em vista obter uma remuneração dessa aplicação. No entanto, pode existir alguma incerteza quanto à remuneração que irá ser obtida. Nalguns casos a remuneração poderá vir a ser inferior à que se havia antecipado inicialmente. Noutros casos a remuneração pode mesmo ser negativa.
É possível identificar um conjunto de fatores que pode contribuir para que uma aplicação financeira tenha um comportamento adverso face ao esperado.
risco de crédito
Risco de crédito é o risco de falência ou insolvência da entidade junto da qual foram aplicados os fundos.
É o risco do emitente do instrumento financeiro no qual o investidor aplicou a sua poupança não vir a reembolsar o capital investido nessa aplicação ou não pagar a remuneração prevista.
No caso de um
depósito , o risco de insolvência da instituição de crédito junto da qual foi contratado o depósito está coberto pelo Fundo de Garantia de Depósitos, nos termos definidos na lei.
No caso das
obrigações é o risco de insolvência da entidade que as emitiu e no caso das
ações é o da falência da entidade detentora do capital respetivo.
Risco de mercado
Risco de mercado é o risco de perda de valor de uma aplicação financeira, devido a alterações nos preços (ou taxas de juro) de mercado.
Este risco está associado a instrumentos financeiros negociados em mercado, como por exemplo
ações ou
obrigações. O preço destes instrumentos é determinado pela procura e oferta no mercado.
O seu comportamento é influenciado por inúmeros fatores, incluindo as expectativas dos investidores relativamente ao emitente desses instrumentos, a alterações do seu rating e à evolução do mercado em geral. Esta é, por sua vez, afetada pela divulgação de indicadores económicos e alterações nas taxas de juro oficiais.
Risco de capital
Risco de capital é o risco de perda parcial ou total do capital investido na aplicação financeira.
Este risco está associado a aplicações financeiras cuja rendibilidade possa ser negativa, isto é, em vez de obter ganhos o investidor pode suportar perdas. Estas perdas vão reduzir o capital inicialmente aplicado. Ele não decorre da possibilidade de insolvência da entidade emitente da aplicação financeira mas das características da aplicação financeira.
Há aplicações financeiras com capital garantido, como, por exemplo, os depósitos ou os planos poupança com garantia de capital.
risco de remuneração
Risco de remuneração é a incerteza quanto à evolução da remuneração de um ativo financeiro.
Este risco está associado a ativos financeiros em que a remuneração não está totalmente definida à partida.
No caso, por exemplo, dos depósitos e as obrigações a taxa de juro variável, a remuneração está dependente da evolução de um indexante, geralmente a taxa Euribor. Se as taxas Euribor descerem mais do que o previsto no momento da contratação do depósito ou da obrigação, a remuneração será inferior ao esperado e vice-versa.
risco de liquidez
Risco de liquidez é o risco do aforrador ou investidor não poder dispor do capital investido antes do vencimento da aplicação financeira ou de incorrer em custos elevados para o fazer.
Este risco pode resultar de restrições do próprio produto financeiro, como é o caso dos depósitos não mobilizáveis antes da data de vencimento estabelecida no contrato, de que são exemplos muitos dos depósitos indexados.
Nos produtos financeiros negociáveis em mercado a sua liquidez pode ser afetada pelas características do mercado em que o produto financeiro é transacionado. Se não existir oferta e procura suficiente nesse mercado, um investidor interessado em vender um instrumento financeiro poderá ter dificuldade em encontrar um comprador. Para conseguir vender, poderá ter de aceitar um preço muito inferior ao previsto.
A liquidez pode também evoluir ao longo do tempo em função das condições gerais de mercado.
Os produtos negociados em bolsa, como as ações e obrigações, são em geral líquidos.
Risco de reinvestimento
Risco de reinvestimento é o risco dos rendimentos que vão sendo recebidos durante a vida de uma aplicação não serem investidos, por exemplo, à taxa de remuneração dessa aplicação.
Este risco está associado, por exemplo, a depósitos que pagam periodicamente juros, sem capitalização automática desses juros. A taxa a que serão reinvestidos os juros pagos ao longo do depósito é desconhecida à partida e poderá ser inferior à paga pelo depósito que se encontra vivo.
Risco cambial
Risco cambial é a incerteza quanto à evolução da cotação de uma determinada divisa.
No caso de uma aplicação financeira efetuada numa divisa diferente do euro, o risco depende do comportamento da taxa de câmbio entre o euro e essa moeda.
Por exemplo, um investidor que faça um depósito em francos suíços corre o risco do euro se apreciar face a esta moeda durante o período do depósito. Se isso acontecer, quando ocorrer o reembolso do depósito e o investidor converter novamente para euros o capital inicial mais os juros recebidos em francos suíços, o contravalor destes montantes em euros poderá ser inferior ao montante aplicado inicialmente devido à alteração da taxa de câmbio.
Risco de inflação
Risco de inflação é o risco de redução do valor real, ou do poder de compra, dos fundos investidos numa aplicação financeira e dos rendimentos por ela gerados devido à subida dos preços.
Se os fundos aplicados num produto financeiro, por exemplo num
depósito a prazo, não forem remunerados a uma taxa nominal pelo menos igual à taxa da inflação, no final do período o cabaz de bens e serviços que é possível adquirir com o montante depositado será inferior devido ao aumento dos preços.