A importância da estabilidade de preços

Para as famílias e para a economia, é importante que os preços sejam estáveis:

  • Se a inflação for alta e instável, o dinheiro perde poder de compra, e a quantidade de bens e serviços que se consegue comprar com o mesmo rendimento diminui rapidamente, sendo difícil para as famílias e as empresas planearem as suas despesas. Esta incerteza em relação ao futuro prejudica o investimento e o crescimento económico;
  • Se houver deflação (ou seja, uma descida generalizada e continuada dos preços), as pessoas podem querer adiar os seus gastos, à espera de preços mais baixos no futuro. Se todas as pessoas adiarem os seus gastos, as empresas podem ter de reduzir a produção, e algumas poderão falir ou ser forçadas a despedir trabalhadores. Isto provocará um aumento do desemprego e um abrandamento do crescimento económico.

Pelo contrário, se os preços forem estáveis, o valor do dinheiro mantém-se praticamente constante ao longo do tempo. Isso significa que:

  • Com uma certa quantia em euros, as pessoas conseguem comprar aproximadamente a mesma quantidade de bens e serviços hoje e no futuro;
  • É possível planear melhor o futuro e tomar decisões adequadas sobre o que consumir, poupar e investir, sem receio de perder poder de compra.

A estabilidade de preços é importante para facilitar as decisões financeiras das famílias e empresas, promovendo condições favoráveis ao investimento e ao crescimento económico.

Por essa razão, a estabilidade de preços é o principal objetivo da política monetária do Banco Central Europeu (BCE).

Como é que o BCE define a estabilidade de preços?

O BCE tem como objetivo uma taxa de inflação de 2% a médio prazo. Esta é a meta que definiu para manter a estabilidade de preços na área do euro, procurando evitar períodos prolongados de inflação demasiado alta ou demasiado baixa. Uma inflação abaixo da meta de 2% é tão indesejável para o BCE quanto uma inflação acima.

Para avaliar a evolução dos preços, o BCE utiliza o índice harmonizado de preços no consumidor (IHPC). O IHPC segue uma metodologia idêntica em todos os países da União Europeia. Em Portugal, é calculado de forma semelhante ao índice de preços no consumidor (IPC), e considera um cabaz representativo de consumo das famílias no território português, incluindo a despesa de não residentes neste território (como é o caso dos turistas).

Como é que o BCE influencia a evolução dos preços?

O BCE não influencia diretamente os preços dos bens e serviços. O BCE recorre aos instrumentos de política monetária (por exemplo, as taxas de juro oficiais) para, indiretamente, influenciar os gastos das famílias e o investimento das empresas e, por essa via, os preços dos bens e serviços. Pode levar vários trimestres até que uma decisão de política monetária se reflita plenamente nos preços.

Como é que as taxas de juro oficiais do BCE afetam as taxas de juro na economia?

As taxas de juro oficiais são o principal instrumento do BCE para cumprir a sua missão de garantir a estabilidade de preços.

As taxas de juro oficiais são:

  • as taxas de juro que o BCE cobra aos bancos pelos empréstimos que lhes concede;
  • a taxa de juro que o BCE paga pelos depósitos que recebe dos bancos.

Quando o BCE sobe ou desce as taxas de juro oficiais, alteram-se: (i) os custos dos bancos com os empréstimos obtidos junto do banco central, bem como (ii) o valor que os bancos recebem pelos depósitos que fazem no banco central. Indiretamente, estas alterações refletem-se nas taxas Euribor (European Interbank Offered Rate), que se baseiam na média das taxas de juros praticadas em empréstimos interbancários em euros por um conjunto de bancos europeus, bem como nas taxas de juro que os bancos cobram nos créditos que concedem aos clientes e nas taxas de juro que pagam pelos depósitos dos clientes.

Se o BCE considerar que a inflação está demasiado baixa, poderá descer as taxas de juro oficiais para induzir uma redução nas taxas de juro da economia, com o objetivo de estimular o consumo e o investimento e aumentar a inflação. Pelo contrário, se o BCE quiser reduzir a inflação, poderá aumentar as taxas de juro oficiais, com o objetivo de desacelerar o consumo e o investimento.

As taxas de juro cobradas pelos bancos, quando concedem crédito aos seus clientes, não são definidas pelo BCE. Mas, ao fixar as taxas de juro oficiais, o BCE procura influenciar as outras taxas de juro na economia, nomeadamente as taxas de juro do crédito à habitação, do crédito aos consumidores ou do crédito às empresas praticadas pelos bancos.

Em Portugal, as taxas de juro mais usadas nos empréstimos aos particulares e empresas têm por referência as taxas Euribor, que têm diferentes prazos (por exemplo, Euribor a 3, 6 e 12 meses).