01 Jun 2021

CMVM divulga estudo sobre literacia financeira dos investidores

A Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) divulgou os resultados de um estudo sobre a literacia financeira relativa ao mercado de capitais em Portugal, o qual caracteriza o perfil do investidor e do não investidor nacional, nomeadamente as suas atitudes, comportamentos e conhecimentos financeiros, e que apoiará a CMVM na sua estratégia de promoção da literacia em Portugal.

Esta iniciativa da CMVM, apoiada pela Direção-Geral do Apoio às Reformas Estruturais (DG REFORM), da Comissão Europeia, ao abrigo de financiamento comunitário dedicado à promoção de reformas estruturais nos Estados-membros, insere-se num projeto que tem como objetivo a conceção de um programa de literacia financeira para investidores e não investidores no mercado de capitais português.

Os principais resultados do estudo foram apresentados durante o seminário "Literacia sobre mercados de capitais em Portugal: diagnósticos e desafios”, em que participaram o Presidente da República Portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa, a Comissária Europeia para a Coesão e Reformas, Elisa Ferreira e a presidente da CMVM, Gabriela Figueiredo Dias.

No estudo que envolveu uma amostra total de 15 173 indivíduos e decorreu entre 2020 e início de 2021, já no contexto da pandemia, é referido que "O conhecimento financeiro tem vindo a aumentar ao longo do tempo" havendo uma melhoria na generalidade "desde o último inquérito em 2015, incluindo nas questões numérias genéricas e no conhecimento sobre investimento".

Os resultados revelam, entre outras dimensões, que:

  • 28% da população portuguesa é investidor;
  • existe uma correlação positiva entre as habilitações académicas e a propensão para investir (no entanto, apenas 14% da população tem nível de educação superior);
  • quanto maior o rendimento auferido, maior a probabilidade de ser ou ter sido um investidor no passado (no entanto, cerca de 1/3 tem rendimentos inferiores a 1.000€ mensais);
  • a população feminina, sendo mais de metade da população portuguesa (53%), está sub-representada no grupo de investidores (57% são do género masculino);
  • mais de um terço dos entrevistados não poupou nos 12 meses anteriores e a percentagem da poupança permanece abaixo da média EU (7% em Portugal vs 11,96% EU); 
  • quase um quarto dos inquiridos não leem os documentos contratuais, porque confiam no consultor financeiro ou funcionário do banco (13%) ou porque não os consideram muito importantes (11%);
  • 18% responderam corretamente quando questionados sobre o que é capital garantido na maturidade;
  • programas de formação (49%), workshops e seminários (35%) são as iniciativas que mais recomendariam para aumentar a perceção sobre os investimentos;
  • a TV ou rádio (46%) e a internet (43%) são os meios onde maioritariamente procuram informação sobre assuntos financeiros (sendo que o recurso à internet decresce com a idade);
  • apenas 14% dos investidores consulta relatórios divulgados por emitentes enquanto 60% consulta informação na internet.

Os resultados deste inquérito, um dos mais completos já realizados à literacia específica sobre o mercado de capitais, constituem uma ferramenta para o desenvolvimento de iniciativas de literacia financeira focadas em dar resposta aos principais desafios, num momento marcado por maior participação de investidores de retalho no mercado de capitais e pela acelerada digitalização das relações de investimento.